segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Bolsa Família


Certo, o canal é o caminho do meio, nem oito nem oitenta, Tai-ki, equilíbrio.


Mas para aprender e entender as coisas, nada melhor que ir beber a água dos extremos. É lá que está a essência do trem, é lá que dá pra engolir sem filtrar nem ferver.


Por isso eu gosto das impressões do muito pobre ou do muito rico, do muito feio ou do lindo, do gato ou do cachorro, do menino ou do velho. E uma vez, num restaurante natural de Brasília, obviamente freqüentado por pessoas cool, tive a oportunidade de sentar à mesa com um senhor (lembrando que em lugares assim, cools, a onda é sentar na mesa com uns 4 ou 5 estranhos – o que pode ser ótimo, péssimo ou só desconfortável, depende da sorte), oficial militar aposentado, já ocupando o seu derradeiro posto, de onde pode observar, alheio, a vida. (Essa última parte pode ser fruto das minhas imaginações romanceadoras, mas tudo bem. Quem não é doido?)


Então, mas o Seu Joaquim me falou uma coisa que o pai dele dissera-lhe (pai do cara? Quê isso, informação antiga pra caralh*, eu pensei na hora): "Meu filho, com uma garrafa de pinga você compra seis brasileiros".


Concordei com aquilo na agora, já imaginando que eram 18 doses, dividido por 6 = 3 pra cada um. Dá um grau já.




Lembrei também do Pezão, amigo meu que nasceu com uns 30 anos de idade, o qual não vejo desde a adolescência – hoje deve estar com uns 90 e poucos. A gente vagava pelas ruas do Santo Antônio, com o Cristiano e o Gustavo, e enquanto nós três nos ocupávamos exclusivamente com a nossa própria dimensão infante, ele já conseguia olhar para as coisas e enxergar classes sociais, cilindradas de carros, tesão, oprimidos e opressores, juros e correção monetária, cartório de registro de imóveis, preço da gasolina, INSS do peão da fazenda... estruturas gerais da dimensão dos homens adultos, enfim.


Sempre que a gente passava pelo bar do totó no sábado à tarde, olhava lá para dentro e via uma porrada de cara, tumultuando o lugar, impedindo a gente de jogar nosso totó. Pra nós três, era isso, um tanto de caras. Mas o Pezão sempre dizia: "Pobre é uma desgraça. Recebe da obra o dinheiro da semana e já vai pro boteco gastar com pinga".


Aí, no pós flashback, eu vi o quanto a gente pode ser barato, o quanto é fácil deixar o homem médio, como diz o outro, satisfeito aqui no Brasil. Ou no mundo, sei lá.


E aí de vez em quando eu penso no meu próprio preço. Serei eu barato demais? Ou caro demais?




O problema de se ter um preço alto é que quem te compra é sempre você mesmo. Maior preju.





10 comentários:

Anônimo disse...

o loko!!!

Anônimo disse...

Pior os que se vendem barato, mas que na verdade são caros porque não valem nada.

huds on disse...

que se vender o carái

a gente se dá

e dado é pra quem a gente quiser

Anônimo disse...

"Vida que não é menos minha que da canção..."

Anônimo disse...

"Vida que não é menos minha que da canção..."

Anônimo disse...

"Vida que não é menos minha que da canção..."

Anônimo disse...

"Vida que não é menos minha que da canção..."

Anônimo disse...

"Vida que não é menos minha que da canção..."

Anônimo disse...

"Vida que não é menos minha que da canção..."

Paulinha disse...

O que tem muito valor não tem preço.