sexta-feira, 1 de maio de 2009

Minha culpa

Não sei pra quê serve a culpa. Porquê ela tem que servir pra alguma coisa. A minha é grande e dolorida. E antiga.

E o pior é que as coisas que me dão prazer são as que me lembram do mal que eu fiz.
Quando criança, fiz mal a muitos animais. Matei muitos insetos à toa, matei muitos passarinhos, lindos, indefesos, inocentes, por diversão. Maltratei e machuquei muitos gatos e outros bichos, talvez com exceção de cachorros, dos quais sempre fui amigo.
E o que recebo em troca? Bem, os pássaros continuam a embelezar o meu mundo, cantando, voando, me fazendo esquecer das minhas tristezas, fora essa culpa. Os animais continuam sendo meus amigos em sua inocência, geralmente me permitem o contato físico, o olhar direto, os cães continuam me permitindo ter a sensação gratificante do toque de seus focinhos, das arranhadas de suas patas, do som de seus latidos e choros.
E tenho certeza de que, quando eu morrer, virão me socorrer o Toquinho, o Buck, o Xamã, o Thor, o Ozzy, o Pepper, e, quem sabe, também virão me saudar as andorinhas que eu matei, talvez até auxiliando a minha defesa frente ao Criador, me ensinando o perdão.
Do fundo do meu coração, peço perdão a todos vocês, animaizinhos covardemente machucados e mortos por mim, e peço perdão à Fonte de tudo, que jamais me autorizou a qualquer atitude nefasta como essas. Sei que não foi pra isso que eu nasci, não foi pra isso que fui presenteado com meu corpo em bom funcionamento, minha inteligência, minha boa mira. Se eu pudesse voltar atrás, nunca repetiria esses erros. Mas não posso...
E muito obrigado ao chefe Paulo, chefe Roberto e outros responsáveis por acordarem minha consciência quanto à reverência e respeito devidos à natureza, através dos ensinamentos do escotismo. Vocês me tiraram desse caminho torto de desrespeito às plantas e aos animais, me fizeram perceber que eles são meus irmãos mais novos, que devem ser protegidos e amados, e isso tem um valor inestimável.