quarta-feira, 24 de março de 2010

Repeat, please

A prática, o treino, a repetição, a persistência, trazem em si algo oculto, uma força realizadora invisível e incrível, sem dúvida. E não interessa para qual objetivo o esforço aponte. Acho, inclusive, que o ditado que encerra esse ensinamento é "o trabalho enobrece o homem", com o que, aliás, eu nunca concordei, porque sempre interpretei ao pé da letra, e por essa perspectiva, realmente não vejo nenhuma verdade, já que praticamente todas as pessoas têm que trabalhar para comer, de forma que nosso mundo seria de uma nobreza só. Eu realmente não acredito em um valor inerente ao trabalho.
Mas hoje eu interpreto "trabalho", no contexto desse jargão, no sentido de uma conduta repetida diariamente, envolvendo disciplina e dedicação, e consigo enxergar que a persistência é um ato de feitiçaria, que permite o acúmulo de energia e poder pessoal, para ser utilizado da forma que convier ao seu dono.

Talvez o treinamento físico ou mesmo intelectual nem gere os efeitos esperados pelo acúmulo de condicionamento ou conhecimento específico; talvez os resultados sejam frutos indiretos da repetição, são um efeito mágico, e não prático.

É possível que se alguém com um propósito firme o suficiente para acreditar plenamente que consegue um determinado objetivo, consiga, apenas repetindo isso para si mesmo, dia após dia, o mesmo resultado que alguém que pratique exercícios efetivos diariamente. Em outras palavras, o treino efetivo talvez seja uma forma de nos convencer que podemos, convencendo a mente, ou o coração, ou a alma, de que merecemos e somos capazes.

Será por isso que algumas pessoas aparentemente sem talento são muito bem sucedidos?

sábado, 6 de março de 2010

Crime doloso, por motivo torpe e fútil

Que tipo de gente desliga o som no meio de um solo de guitarra só porque estacionou o carro?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Te conheço

- Mas dói.
- Dói nada.
- Dói sim.
- Você sabe que não é assim. Eu sei que você sabe. É só escolher.
- Ok, não posso negar que não é assim tão foda. Mas é bom pensar...
- Não é não. Tem nada disso. Pensar nunca resolveu o passado. Pensar só faz sentido se for sobre o próximo passo.
- Mas aí esqueço quem sou, e não planejo meu futuro.
- Que saco, você finge que acredita nessa babaquice?
- Tá bom, tá bom. Esqueço que você é eu, e com a gente não cola.
- Cola não. Então vamos parando com o drama.
- Mas você sabe muito bem que eu não gostaria de estar aqui nesse momento, e nem só com você.
- Sei demais. Você é que não sabe. Acha que queria estar em outro espaço, quando quer estar é em outro tempo. Se é que a sua idealização já existiu em algum momento.
- É... acho que tudo o que já vivi não teve nenhuma importância mesmo.
- Ih, outro draminha.
- Mas é, você sabe disso e fica fazendo pouco caso.
- Não faço pouco caso; a questão é que o caso é mesmo pouco. Muito pouco, mesmo que a você ainda não pareça.
- É da nossa vida que você está falando.
- Mais uma vez, você mente. Sabe muito bem que realmente nada disso importa. E sabe que a vida é preciosa sim, mas não mais que a morte. E sabe que o importante da vida é agora. O que não é agora, não é.
- Você faz tudo parecer sem sentido.
- E você se apega à necessidade de sentido.
- Ah, e você? Existir sem sentido é o mesmo que não existir.
- Sei, sei. E você quer achar um sentido para justificar esse amor ao sofrimento. Só que não existe justificativa.
- O fim é sempre sem sentido.
- Claro que é, e só é assim porque o início também é, assim como o meio. A questão é esses últimos são mais parecidos com a mamadeira quente que você quer chupar.
- Você está me ofendendo.
- Quer que eu chore?
- Babaca!
- Obrigado. Antes babaca que um eterno neném. Até quando você acha que terá alguém para te limpar?