segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Atenção

Passava pela ponte dirigindo seu carro, seu brinquedo preferido. Examinava a beleza dos arcos que se moviam com a velocidade do carro, e o reflexo colorido do brilho do sol na água do lago.

Seguia tranquilamente pela rua, ouvindo Beethoven, quando teve a atenção captada por um painel luminoso bem grande, que ficava em cima de um caminhãozinho que lhe era transporte e sustentáculo. No display, uma campanha pelo uso do cinto de segurança.

Lembrou-se então de que estava com o seu desconectado, e pensou na maravilha de viver num mundo com tanta tecnologia e beleza, que possibilita não só o transporte de forma confortável e eficiente, no melhor ambiente possível, com a temperatura, som e companhia ideais, mas ainda provê a os meios necessários para que a experiência seja, também, perfeitamente segura.

Pensando na tecnologia, seu pensamento voou para a existência de radares de velocidade na rua, e seus olhos foram do painel para o poste e, ante a confirmação da sua presença, direto para o velocímetro do carro, e lá permaneceu até que a velocidade baixasse dos 92 para 60 Km/h.

Tudo parecia em câmera lenta, e então seu olhar, agora de volta à visão frontal do carro, captou a imagem de um caminhão da marinha, transportando seu arsenal mais valioso, parado à alguns metros, momento em que a câmera ficou ainda mais lenta, o que o permitiu assistir perfeitamente enquanto a ferragem da traseira do caminhão rasgava a lataria do capô do seu carro, até que o mundo ganhou um dourado que tudo preenchia, que encobria até mesmo o estrondo que se seguiu.

No mesmo dia noticiou-se mundo afora a detonação inexplicável de um aparato nuclear em Brasília, atingindo mais de um milhão de pessoas, fulminando muitos, como os moradores da Vila Planalto, Lago sul, Palácio da Alvorada, e Condomínio La Torre.

Exames estão sendo realizados nas baratas encontradas nas proximidades do citado condomínio, utilizando-se técnicas de extração de registros de memória de artrópodes, recentemente criadas no meio acadêmico.

Alega-se que, tendo em vista o grande número de indivíduos, e algumas características apresentadas por alguns deles, como as baratas louras, que representam mais de 50% do total, será possível reconstruir-se imagens do local na hora da explosão.

Um comentário:

Antonio Gil Gonçalves disse...

Que loucura é essa?
Achei q era sério uai....
Ácido de boa qualidade? ou Criatividade no ápice?
heheheh
Locão