quarta-feira, 29 de julho de 2009

Alma

Ela virou pra mim e falou que eu era mais corajoso, entrando consciente naquela onda. Na hora, pensei que isso não tinha nada de coragem, mas de natureza, de falta de opção mesmo. Vai ou vai - o outro jeito é negar o próprio destino, tentar controlar o suceder das coisas.
E não dá mesmo não, porque o fato de saber que você vai ganhar de presente uma dose bem servida de intranquilidade de alma é também de uma atração e fascínio irressistíveis, como luz para mariposa.
Ninguém com alguma coisa correndo quente nas veias vai jogar fora uma oportunidade de ter o sossego um pouco perturbado por aquela brisa típica, mais ou menos como a brisa etérea que envolve São Tomé das Letras e que a gente sente com todos os sentidos.
É como nunca mais sentir o vento na cara e no cabelo por preguiça de correr.

As alterações na percepção do mundo sempre trazem conhecimento, sempre são proveitosas, colocando tudo em perspectiva. Se a impermanência é a lei que rege o universo, então a criatividade e liberdade de abordagem das questões são caminhos de crescimento pessoal e transpessoal, e isso traz poder.

Nenhum tipo ou tamanho de paixão foi feita para ser abortada, como diz meu camarada Lanolina. Paixão foi feita pra ser vivida, pra consumir e ser consumida.
Pra te dar consciência da fragilidade da forma, da efemeridade das coisas manifestadas.

E ainda tem a vantagem de ser um trem totalmente egoísta, sem culpa nem remorso, de forma que não tem muito conflito não - a paixão sabe muito bem o que quer e não em escrúpulos, e te impulsiona a realizá-la. Quando a casa cai, a paixão já foi embora, ilesa, mas as consequências permancem.

Vai falar que você acha ruim?

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